Meu filho (a) vai entrar no CEI, preciso desmamar?
A resposta é “não”. O aleitamento materno é um direito previsto em lei. Não à toa, a Primeira Infância da Liga Solidária oferecem acolhimento, rede de apoio e ajudam a articular políticas públicas que beneficiam as mães lactantes.
Muitas mulheres acreditam que, ao matricular seu bebê em um Centro Educacional Infantil (CEI), vão precisar deixar de amamentá-lo. Mas isso não é verdade. Se a orientação da Organização Mundial de Saúde (OMS) é oferecer leite materno com exclusividade até os seis meses, e depois prolongar até dois anos de idade ou mais, não faria o menor sentido estimular o desmame antes disso.
“Nosso papel é incentivar o aleitamento e deixar as famílias cientes do seu direito de continuar a amamentar em prol do bebê que está aqui para crescer e se desenvolver em segurança”, segundo Thais Gomes Bueno Rosa, coordenadora pedagógica, e Renata Squiziato Mayor, auxiliar de enfermagem.
Promover o aleitamento dentro dos centros educacionais significa oferecer uma rede de apoio às mães e engajar toda a equipe pedagógica nessa missão. Desde o ato da inscrição e matrícula, as mães são comunicadas sobre a possibilidade de amamentar seu bebê no CEI. Existem ambientes acolhedores e específicos para isso.
Aquelas que não têm disponibilidade para irem lá, recebem orientações técnicas sobre a melhor forma de extrair e enviar seu leite congelado para armazenamento e oferecê-lo à criança de forma segura nas unidades.
A força que vem do leite materno
É importante derrubar os mitos e destacar que leite materno fraco não existe. De acordo com Renata, é justamente o contrário, já que ele contém todas as propriedades necessárias para o desenvolvimento do bebê. “Reúne nutrientes, aminoácidos, soro para hidratar, eletrólitos, entre outros elementos que sustentam a criança. Esse leite é também rico em vitamina A e C, potássio e ferro. Tudo isso com fácil absorção pelo corpo”, explica, acrescentando que ainda ajuda a reduzir doenças prevalentes da infância, como transtornos respiratórios, gastrointestinais e alergias cutâneas e respiratórias.
É claro que o processo de amamentação nem sempre é fácil ou possível para todas as mães, principalmente no início. “A gente lida com muitos tabus, porque a maternidade, o puerpério e o aleitamento não são românticos, podem ser doloridos e sofridos. Cada mãe tem uma condição. Nesse primeiro momento, ela precisa de apoio e orientação. Mas, fazendo uma boa pega nas primeiras horas ou nos primeiros dias, o bebê vai se adaptar e a amamentação vai ser efetiva.”
Novo projeto de lei
Analisando o aspecto jurídico dessa questão, em 2015 foi instituída a lei municipal paulistana nº 16.161, que assegura às mulheres o direito de amamentar em lugares públicos. Dois anos depois, a Secretaria Municipal de Educação (SME) cria a campanha CEI Amigo do Peito para incentivar ações de promoção, proteção e apoio ao aleitamento materno na Rede Municipal de Ensino.
Os CEIs (Centro de Educação Infantil) da Liga Solidária, aliás, ostentam com orgulho o selo amigo do peito, que garante, respeita e promove o aleitamento materno na Unidade. Mas não é só isso. Para além dos muros do CEI, a Liga Solidária está envolvida na articulação de políticas públicas relacionadas a essa temática. No dia 31 de agosto deste ano, por exemplo, Thais e Renata participaram da Audiência Pública sobre o Incentivo ao Aleitamento Materno nas Creches, na Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo para apoiar a elaboração de um projeto de lei da deputada estadual Marina Helou, líder da Frente Parlamentar da Primeira Infância, que visa a ampliação do direito do aleitamento materno para todo o território estadual.
Durante o evento, a equipe apresentou o plano de ação que incentiva o aleitamento dentro das unidades da Primeira Infância da Liga Solidária a fim de validar a proposta da deputada e mostrar que executar o projeto dentro de instituições de ensino infantil é possível. “A participação da Liga foi muito significativa porque a gente pôde ver que o trabalho que já acontece é realmente respeitoso e dá certo, sim. Mas é preciso querer e ter força de vontade, porque os desafios são muitos. É um trabalho de constância”, finaliza Thais Rosa, determinada a levar a causa adiante.