Processo de acolhimento, bem-estar e adaptação

Destaques

O Dia Mundial da Educação celebrado em 28 de abril, foi instituído há 25 anos durante o Fórum Mundial de Educação, realizado em Dakar, no Senegal. A data simboliza o compromisso assumido por 164 países, incluindo o Brasil, com o desenvolvimento da educação até 2030.

“Educação não transforma o mundo. Educação muda as pessoas. Pessoas transformam o mundo.” Paulo Freire

Neste mês em que celebramos a educação de qualidade, em destaque ao Objetivo de Desenvolvimento Sustentável (ODS) 4 e seu papel transformador, refletimos sobre os caminhos desse processo: o acolhimento e a adaptação das crianças no ambiente educacional.

O desafio no processo de acolhimento e adaptação

O processo de acolhimento e adaptação de bebês e crianças no ambiente educacional é um momento desafiador que mobiliza diferentes sentimentos nos bebês, crianças, familiares e na comunidade educativa. Essa mudança pode gerar insegurança, medo do novo ou dúvidas. Segundo Cisele Ortiz, a adaptação não deve ser uma imposição, mas um movimento de acolhimento que respeita o tempo e as necessidades da criança, por isso, é importante escutar, acolher e comunicar à família como acontece o processo de acolhimento, além das práticas planejadas para assegurar que essa transição seja tranquila, promovendo o fortalecimento do vínculo, segurança, afetividade e confiança.

O desafio no processo de acolhimento e adaptação

Transições: mudanças mobilizam diferentes sentimentos

A cada ano, as crianças das unidades educacionais vivenciam uma transição importante: a mudança de turma, ambiente e de professora/o. Essa mudança, embora faça parte do crescimento e desenvolvimento, pode proporcionar diferentes sentimentos nas crianças e suas famílias. Para que essa transição seja segura e enriquecedora, é fundamental que a equipe trabalhe em colaboração com os familiares para planejar a acolhida que promova o bem-estar, reconhecendo as necessidades infantis.
O acolhimento e a transição são oportunidades de aprender, conhecer e se desenvolver para as crianças, familiares e profissionais, fortalecendo suas identidades e diferenças. Quando a equipe também se sente acolhida nesse processo, contribui com o olhar sensível para as necessidades individuais e coletivas dos bebês e crianças, assegurando que elas se sintam confortáveis e seguras, para explorar e criar diferentes jeitos de brincar e aprender em um ambiente afetivo.

Tempo de cada criança, diferentes jeitos de se expressar

O acolhimento é feito o ano todo, porém, o tempo para adaptar-se pode variar de acordo com as necessidades e singularidades. A criança pode se expressar de várias maneiras neste processo de conhecimento de pessoas e espaços: pelo brincar, movimento, gesto, choro, expressão, interação e fala, todas essas linguagens são importantes e valiosas para o adulto identificar e acolher os sentimentos da criança. Como destaca Cisele Ortiz na revista Avisa Lá, a adaptação das crianças não deve ser vista como um mal necessário, mas como um processo de acolhimento contínuo, que respeita os tempos individuais e as necessidades de cada criança.

Tempo de cada criança diferentes jeitos de se expressar

Brincar e aprender com sentido

Segundo a Dimensão 3 dos Indicadores de Qualidade da Educação Infantil Paulistana, nas unidades educacionais valorizamos o brincar, possibilitando vivências lúdicas às crianças e enfatizando sua importância no cotidiano, articulando aos seus interesses e acolhendo as necessidades, observando:
“Do que gostam de brincar? Como brincam as crianças nas diferentes idades? De que forma brincam? Quais materiais despertam mais seu interesse? O que aprendem quando brincam? Do que gostam de se alimentar? ”
Estes saberes se consolidam por meio de um processo de observação, registro e escuta sensível daqueles que, respeitosamente, atuam com as infâncias.

Brincar e aprender com sentido

Família presente, segurança afetiva para bebês e crianças

Para que o acolhimento seja assegurado com tranquilidade, investimos na fase inicial da criança, nos ambientes de aprendizagem para a continuidade do processo conjunto, entre a criança, a família e os profissionais responsáveis por seus cuidados.
Nas unidades educacionais, a criança passa a interagir com maior número de pessoas (adultos e crianças), em um ambiente novo, com diferentes espaços, materialidades e rotina cotidiana. É fundamental demonstrar segurança e conforto às crianças, permitindo que explorem e se identifiquem com o ambiente.
No que diz respeito à participação da família, os responsáveis terão oportunidade de conhecer os espaços, os aspectos do dia a dia e, assim, familiarizarem-se com os profissionais, proporcionando segurança que poderão vivenciar com as crianças durante esses momentos.

Família segurança afetiva para bebes

Compromissos e princípios da prática educativa

Temos como prioridade, oferecer às crianças e às famílias um ambiente acolhedor, com profissionais capacitados e disponíveis para recebê-los, orientá-los e desenvolver um trabalho conjunto que atenda às necessidades dos bebês e crianças.

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O respeito às diferenças e ao tempo de cada criança é o princípio da nossa prática pedagógica:

  • Apoiar o processo de acolhimento de bebês e crianças nas unidades educacionais:
  • Explicar o processo de transição de maneira acessível e compreensível, utilizando linguagem adequada à faixa etária, fortalecendo o vínculo e a confiança;
  • Apresentar e escutar sobre o dia a dia de bebês e crianças no ambiente educativo: entrada, ambiente de brincadeira, interação, práticas de cuidar e educar (hábitos alimentares, sono e outros);
  • Promover momentos de interação entre a unidade educacional e a família para conhecimento sobre os bebês e crianças;
  • Orientar e acompanhar as crianças na busca de sua identidade pessoal, percebendo as diferenças, apoiando e respeitando o outro em suas particularidades;
  • Oferecer condições e orientações para que as mães e cuidadoras/es possam dar continuidade ao aleitamento materno aos bebês e crianças;
  • Planejar ambientes onde as crianças possam compartilhar sua história, por meio das brincadeiras, fortalecendo o vínculo e interação nas vivências do cotidiano;
  • Manter uma comunicação, aproximação e escuta ativa com as crianças e suas famílias;
  • Compartilhar informações sobre a nova turma, a/o nova/o professora/o, a rotina cotidiana e as experiências planejadas, contribuem para que as crianças se sintam mais seguras no processo de transição e mudança.

Respeito às individualidades: cada criança é única

Cada criança é única, com seu próprio ritmo de aprendizado, crescimento e desenvolvimento, e é essencial que as/os educadoras/es estejam atentas/os às necessidades individuais, oferecendo apoio e respeitando as especificidades. Valorizar a diversidade e promover a inclusão contribui para a construção de um ambiente acolhedor e respeitoso.
Quando somos bem recebidos, nossa reação geralmente é de segurança e abertura, o que nos leva a esperar o melhor daquele ambiente e das pessoas. Ao contrário, quando somos recebidos sem acolhimento, a tendência é ignorar, não nos envolver e passarmos despercebidos.

Acolher é transformar-se

Ao considerarmos que, cuidar e educar é reconhecer e atender às necessidades individuais e coletivas, devemos refletir cuidadosamente sobre a questão e planejar com atenção o processo de acolhimento, a entrada da criança no ambiente escolar, implica em um processo ativo de construção de novos conhecimentos e vínculos.
A gestão, educadoras/es e famílias, ao trabalharem juntos, proporcionarão uma experiência positiva. Reconhecer as necessidades infantis requer conhecimento sobre os bebês e crianças, reflexão cotidiana, profissionalismo e atenção no processo de acolhimento.
Como destaca Fátima Freire, quem educa marca o corpo do outro, deixando uma impressão duradoura no aprendizado e nas vivências das crianças, marcadas pelas relações estabelecidas.

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Links e Referências – Saiba mais:

DOWBOR, Fátima Freire. Quem educa marca o corpo do outro. São Paulo: Cortez, 2008.
Revista Avisa Lá. Entre adaptar-se e ser acolhido.
Revista Avisa Lá. Como receber bem a criança e sua família.